Video-Case 18 – Combate à fome e ao desperdício: Regina Tchelly, empreendedora do Projeto Favela Orgânica

Rose Mary Almeida Lopes

Tags: Empreendedorismo FemininoEmpreendedorismo SustentávelLimonada

Natural de Serraria, interior da Paraíba, Regina já tinha se mudado para a cidade grande aos quinze anos, onde passou a valorizar os alimentos que eram produzidos natural e organicamente pelos seus pais e outros agricultores de sua terra.

Aos 18 anos, com uma filha, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, pois o que ganhava na Paraíba era muito pouco. Repetiu o caminho de muitas outras nordestinas, indo para o Sudeste em busca de uma vida melhor. Passou a trabalhar como empregada doméstica.

Regina conta que, grávida de sua segunda filha, ameaçada por diabetes gestacional, consultou uma nutricionista e percebeu o poder dos alimentos. Foi testemunha de como a alimentação correta pode levar à cura. Com isso, interessou-se ainda mais pelo aproveitamento dos alimentos.

Ficava “agoniada” vendo a grande quantidade de alimentos desperdiçados nas feiras livres, no Morro da Babilônia (bairro do Leme, onde morava) e nas casas em que trabalhava, em um país com tanta gente passando fome.

Interagindo com feirantes, conheceu melhor o “ciclo todo da comida” e começou a usar alimentos que seriam jogados fora e a reaproveitá-los em refeições saborosas.  Aprendeu sozinha a tirar o melhor e o máximo dos alimentos, evitando desperdício.

Começou a “passar suas receitas para as pessoas”, mas enfrentou reações negativas ao mencionar que aproveitava sobras e cascas. As pessoas tinham repulsa, dizendo que não eram animais.

Quando fazia comida congelada nas casas em que era contratada, combinava que faria uns cinco pratos, mas deixava sempre alguns a mais feitos com o que seria desperdiçado.

Em 2011, Regina participou de um evento da Agência de Redes para a Juventude, focado em jovens de 15 a 29 anos, que buscava projetos em benefício principalmente das favelas. O melhor projeto seria premiado com R$ 10 mil.

Com a idade limite, 29 anos, ela concorreu com um projeto de trabalho comunitário em que ensinaria a fazer pratos a partir de alimentos que seriam desperdiçados, sem rejeitar nem mesmo cascas, talos e sementes. “Fui selecionada e desenvolvi o Favela Orgânica para democratizar a comida de verdade, ensinando como fazer da plantação à compostagem”. No entanto, seu projeto não foi premiado por ser considerado complexo demais. Foi o melhor “não” que recebeu em sua vida, disse ela, já empenhada em continuar tentando.

Regina Tchelly, fundadora do projeto Favela Orgânica. Fonte: Marcio Amaro - UOL

Assim, 24 dias depois, com um pequeno apoio de R$ 140 obtidos em uma vaquinha com empreendedores de sua comunidade, iniciou o projeto Favela Orgânica em sua casa, passando seus conhecimentos a seis mães de família. Depois, o número de participantes se multiplicou e cada um deles dava pequenas contribuições em materiais e alimentos para ajudar. O projeto decolou.

Onze meses depois, Regina ganhou seu primeiro prêmio de mulheres empreendedoras de comunidades do Brasil.  Com um ano do projeto, Regina estava na Europa dando palestra.

O projeto Favela Orgânica compreende a realização de oficinas em que ensina a fazer pratos com o aproveitamento máximo de alimentos, o incentivo para a criação de hortas, livros de receita pintados nos muros da favela da Babilônia e o serviço de uma nutricionista oferecido às comunidades atendidas.

A pandemia foi um estímulo a mais. Em resposta aos problemas provocados por essa crise, Regina criou o programa Cesta Básica Educativa, que oferece 30 vídeos online e 33 receitas escritas focados na “multiplicação dos alimentos”.

Regina conquistou prêmios nacionais e apresentou programas na TV. Hoje, com mais de 40 anos, a chef paraibana é referência internacional em combate à fome e ao desperdício.

INSTRUÇÕES PARA O EXERCÍCIO

Agora, com base nessas informações e no vídeo abaixo, responda às perguntas a seguir segundo as instruções de seu professor.

Questões

1. Aponte fatos da vida de Regina que fizeram com que ela passasse a valorizar os alimentos e seu aproveitamento integral, fazendo disso uma missão de vida.
2. Quais recursos Regina usou para gerar suas primeiras receitas de alto aproveitamento de alimentos?
3. Indique uma situação em que Regina se deparou com um limão e o transformou em limonada. Diga que recursos ela usou para “fazer a limonada” e como você mesmo(a) agiria se enfrentasse os problemas que ela enfrentou.
4. Com quais recursos Regina iniciou o projeto Favela Orgânica? Aponte quais dos recursos eram próprios e quais foram obtidos de outras pessoas.
5. Quais grupos de pessoas interessadas (stakeholders) você percebeu que estão envolvidos no projeto idealizado por Regina?

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